Aplicativos
de celulares e tablets monitoram doentes crônicos
Quem
pensa que a tecnologia só evoluiu em direção aos robôs cirurgiões da ficção
científica pode se surpreender em saber que a grande revolução da telemedicina
está em um aparelho de telefone celular. A interação entre médico e paciente
ganhou impulso depois que o celular virou equipamento universal entre os
brasileiros, e os smartphones caminham para a mesma popularidade.
O
mercado de aplicativos médicos para dispositivos móveis, que também inclui
tablets, promete movimentar o equivalente a R$ 4 bilhões apenas na América
Latina em 2017, onde o Brasil tem a maior participação, segundo projeções da
consultoria Pricewaterhouse Coopers.
Mil
vezes mais potentes que na Apolo 11
Só
na loja de aplicativos da Apple, calcula-se que existam 25 mil aplicativos
relacionados ao controle da saúde e do bem-estar, como “babás” eletrônicas que
lembram a hora do remédio, ou outros mais sofisticados, como os que armazenam
índices de pressão arterial, glicose, ritmo cardíaco ou consumo de calorias
para o médico avaliar o comportamento do paciente em tempo real.
Professor
da USP, Chao Lung Wen, presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e
Telessaúde, explica que, por meio de celulares capazes de informar onde estão
(a georreferência), evolui a tendência de usar os dados dos telefones para
indicar, por exemplo, a dinâmica de epidemias e características do
comportamento.
A
verdadeira telemedicina estará no bolso. A operação robótica será uma exceção —
resume Wen. No mesmo relatório sobre o mercado chamado de m-health, a
Pricewaterhouse Coopers estima que o mercado de serviços móveis de saúde
saltarão da estimativa dos US$ 9 bilhões deste ano para US$ 23 bilhões em 2017.
Na versão de um relatório da companhia, os mercados emergentes como o Brasil
são ambientes férteis para que os pacientes sejam menos resistentes à adoção
desta tecnologia, assim como os médicos.
Carlos
Suslik, médico e consultor em gestão de saúde da consultoria, explica que a
necessidade de aplicativos móveis da área médica vem para a parte da Humanidade
que conquistou a longevidade e deixou de sofrer ameaça de vetores e parasitas.
Hoje os vilões são as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Para
as doenças crônicas, em que há componentes hereditários e não há cura, o mais
importante é a mudança de hábitos, de onde surge a utilidade do desenvolvimento
dos aplicativos médicos — explica Suslik.
O
aposentado Haruiko Hayakawa é um dos brasileiros da geração descrita por
Suslik. Morador de São Paulo,
aos 72 anos Haruiko mede três vezes por semana o nível de açúcar no sangue.
Prestes a entrar no quadro de diabetes adulta, há três meses seu médico
prescreveu o monitoramento. Sem chance de se enganar com os números ou
esquecê-los na hora da consulta, o aposentado vê os resultados saírem do
medidor de glicose diretamente para um tablet e, de lá, para o médico que lhe
atende:
—
Não mudei ainda minha rotina de refeições, mas agora sei que, quando como um
chocolate, o nível de glicose aumenta bastante.
Prescrição de aplicativos
O
biomédico Renato Sabbatini, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de
Informática em Saúde, acompanha a evolução dos aplicativos médicos e conta que,
na Europa e nos EUA, cresce o número de médicos que, na folha de prescrição,
receita aplicativos além dos remédios. Sabbatini diz que 15% dos portadores de
doenças nos EUA estão na onda do “quantified self”, em que armazenam e
compartilham em plataformas móveis sintomas e índices de sinais vitais.
—
Nos EUA, já há empresas de seguro saúde que avaliam preço dos serviços de
acordo com as informações de sintomas do paciente, da mesma forma como calculam
o valor do seguro do carro segundo o histórico do motorista. Aquele que é
sedentário e não cuida da alimentação tem que pagar mais.
Serviço
GlicOnLine: Aplicativo disponível para Iphone e celulares
Android, foi desenvolvido no Brasil e permite ao diabético armazenar dados de
índices de glicose e receber alertas sobre horários de medicamentos.
Bebê São Luiz: Este aplicativo está disponível para Ipad e permite
que mulheres registrem a evolução da gravidez e tenham informação médica sobre
o assunto.
Tecnonutri: Disponível para Android, ajuda a controlar processos
de reeducação alimentar.
UnitCare: Empresa brasileira desenvolveu sistema em parceria com UFRGS
que permite monitorar remotamente, por celular ou tablet, sinais vitais como
ritmo cardíaco, pressão arterial e índice de glicose.
Fonte:
Portal o Globo