Incentivo a prevenção
A
maioria dos homens não gosta de usar camisinha. Esse é um obstáculo de saúde
pública que levou a Fundação Bill e Melinda Gates a abrir inscrições para um grande
desafio: desenvolver "a camisinha da próxima geração, que preserve ou
aumente o prazer de modo significativo".
O
objetivo é enfrentar a gravidez indesejada e as doenças sexualmente
transmissíveis, como a Aids. A camisinha evita as duas coisas de maneira barata
e eficaz. Mas, em todo o mundo, somente 5% dos homens a usam. Enquanto isso,
surgem 2,5 milhões de novas infecções por HIV ao ano.
"A
diminuição do prazer sexual é geralmente a justificativa dada para não usar a
camisinha", disse Stephen Ward, diretor do programa da Fundação Gates.
"Podemos
realmente torná-las mais desejáveis?"
"Os
homens gostariam, em primeiro lugar, de não sentir que as estão usando",
disse Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação do Conselho de
Saúde Familiar da Califórnia, que há muito tempo testa camisinhas para a
indústria, o governo e organizações sem fins lucrativos. "Em segundo, tem de
ser um pouco melhor do que a que eles estão acostumados."
Bidia
Deperthes, importante assessora técnica sobre HIV para o Fundo Populacional da
ONU, e Franck DeRose, diretor-executivo do Condom Project, instituição
beneficente, usam canções e danças sobre o preservativo para tentar fazê-lo
parecer agradável, e dão às mulheres maneiras de levar camisinhas
discretamente, como recipientes parecidos com caixas de pastilhas para o
hálito.
Vários
fabricantes trabalharam em camisinhas mais atraentes. Algumas, como Pleasure
Plus e Twisted Pleasure, desenhadas por um cirurgião indiano, Alla Venkata
Krishna Reddy, que um especialista chamou de "o Leonardo da Vinci das
camisinhas", respondem às queixas de atrito e compressão. Elas são
espaçosas e inflam.
Outro
projeto, o preservativo eZ-On, tratou do problema de colocar a camisinha. Feito
de poliuretano, não de látex, o preservativo era frouxo, "montado dentro
do que eu chamo de tutu", disse Frezieres. "Não era direcional, então
você podia colocá-lo de qualquer lado."
Outra
ideia foi a camisinha em spray, que usaria látex líquido para criar um
preservativo sob medida para o usuário. "Ótimo conceito", disse
Frezieres. "Mas ficamos pensando em como tirar aquilo depois."
Um
desenho promissor, já disponível em algumas partes do mundo, é o preservativo
Pronto 4:Secs, com uma caixa decorada com desenhos que lembram Dick Tracy. A
4:secs, um trocadilho e o tempo que se deve levar para colocá-la, é uma
camisinha em um aplicador plástico que parece uma boia salva-vidas. "É realmente
bacana", disse Deperthes, demonstrando como o aplicador se abre para
permitir que a camisinha seja colocada com o lado certo para cima.
O
concurso da Fundação Gates também recebeu desenhos de camisinhas femininas, mas
essas são historicamente ainda menos populares que as masculinas. São muito
mais caras e precisam ser posicionadas corretamente para não sair do lugar.
Amy
e Max H., testadores de camisinhas que moram em Los Angeles e estão juntos há
oito anos, são unânimes em sua antipatia pelo preservativo feminino. Como disse
Max, "nós dois achamos a camisinha feminina anti-sexy. Ela realmente não
parece fazer muita diferença em termos de sensação, mas visualmente ficamos
decepcionados".
Talvez
o produto mais inovador feito nos EUA seja a camisinha Origami, que ainda está em testes clínicos. Seu
inventor, Danny Resnic, disse que foi motivado por sua própria experiência
quando "uma camisinha de látex arrebentou e eu acabei diagnosticado com
HIV". Anos de experimentos o levaram a criar uma camisinha parecida com
uma sanfona, com pregas frouxas para permitir o movimento em seu interior.
Fonte:
Site da Folha de São Paulo
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